Plano de exportadora que deu calote de quase R$ 500 milhões em cafeicultores vai para a Justiça


Uma assembleia voltou o plano de recuperação da empresa, mas não houve a aprovação necessária. O plano de recuperação de uma exportadora de café que deu calote em produtores rurais em Varginha (MG) vai para a Justiça. Uma assembleia voltou o plano de recuperação da empresa, mas não houve a aprovação necessária. O prejuízo de produtores de café do Sul de Minas e do Vale do Rio Doce de acordo com a avaliação feita na audiência, pode chegar a R$ 500 milhões.
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O Plano de recuperação judicial votado na última assembleia, propõe desconto na dívida e prazo de cinco anos para começar o pagamento a partir da aprovação. Como não foi aceito pela maioria absoluta em todas as classes, ele segue para a decisão do juiz.
“Ele pode decidir aplicar o plano, mesmo que a votação tenha sido contrária. Não tem atingido o quórum necessário pelos credores para que o plano vigorasse. Aí é uma aplicação meio forçada pela lei, obviamente, autorizada pela lei, para que o plano seja, seja instaurado. E é feito também nessa, nessa mesma análise, nesse mesmo momento, o controle de legalidade da recuperação, para ver se todas as informações que foram levadas são verídicas, se todas as pessoas que precisam estar incluídas naquela recuperação estão, se os créditos apontados são reais, são os valores corretos”, disse o advogado dos cafeicultores, Vinícius Souza Barquette.
Plano de exportadora que deu calote de quase R$ 500 milhões em cafeicultores vai para a Justiça
Reprodução EPTV
O advogado representa mais de 30 produtores que não concordam com a recuperação da forma como está definida.
“O plano coloca o deságio muito forte e esse deságio impacta muito no mercado do café de uma forma geral. Então, a visão mais ampla é a de rejeição, porque todo mundo entende que a empresa precisa se recuperar, é fato, mas não se recuperar às custas do pequeno produtor, que vai ser o maior impactado”, disse o advogado.
O Carlos é um dos cafeicultores sem receber o valor da dívida. Mais de R$ 3 milhões. Ele só recebeu R$ 585 mil da exportadora até agora.
“Você vê um suor seu derramado e uma pessoa sugando seu suor, e é terrível. Eu acreditava que ia ser uma coisa mais clara, falar para nós pra onde foi esse café, qual foi o rumo, se foi exportado, se foi para o porto, se foi para outro nome, outra cooperativa, pra alguém, tem que ter saída desse café, que nós entrou com nota no café lá e até agora eu queria um parecer, eu em nome de todos os produtores, falar que o café foi para um lugar ou para outro, para a China, o Japão para onde foi”, disse o cafeicultor Carlos Henrique Teodoro.
Plano de exportadora que deu calote de quase R$ 500 milhões em cafeicultores vai para a Justiça
Reprodução EPTV
O representante de oito cafeicultores de Varginha, Campo Belo, Caratinga e Machado é um dos que contestaram o acordo. De acordo com ele, a preocupação principal é com a falta de garantia pelo pagamento. Isso porque a empresa não possui ativos suficientes para fazer frente ao déficit que ela possui.
O advogado que representa a exportadora explica o que deve ocorrer com as partes discordantes.
“Se aprovado a recuperação judicial, ocorre o instituto, chamado pela legislação de inovação, ou seja, aquele crédito que era no valor absoluto de x, torna se y, y em razão de eventual deságio acolhido pelo Poder Judiciário, pela soberania da Assembleia geral de Credores e, consequentemente, imputando a ele os prazos para pagamento”, disse Gustavo Chalfun, advogado da exportadora.
Em julho do ano passado, um boletim de ocorrência foi registrado e a Polícia Civil abriu inquérito para investigar a exportadora MCC Coffee. A Justiça determinou que a empresa apresentasse um plano de recuperação.
“Foi terrível. Não desejo para ninguém passar o que eu passei e estou passando, me quebrou, me descontrolou financeiramente nos bancos, compromissos que eu tinha, tive que, como se diz, ‘carça a cara’, ir atrás de procurar o nome de novo, foi doído, foi terrível, está sendo ainda, eu queria que alguma alguma coisa fosse feito”, completou o cafeicultor Carlos Henrique Teodoro.
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