Esposa de Clemilson dos Santos Farias, criminoso conhecido como “Tio Patinhas”, preso em dezembro de 2022 e membro de uma das maiores facções criminosas do Brasil, Luciane Barbosa Farias esteve em audiências no prédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília. A informação foi confirmada ao portal ND+ nesta segunda-feira (13).
O portal buscou o gabinete do Ministério da Justiça, o qual respondeu que, na verdade, Farias foi como acompanhante em audiências. Por esse motivo, o Ministério alega que não tinha controle de quem compareceria ao encontro.
Nas plataformas de mídia social, Luciane divulgou uma série de fotos e vídeos registrados em Brasília. Sua visita incluiu passagens pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), pela Câmara dos Deputados e participação em reuniões com políticos.
Luciane percorre os corredores de Brasília na companhia da advogada Camila Guimarães de Lima e de sua amiga Janira Rocha, ex-deputada estadual pelo PSOL.
Janira, condenada em 2021 por suspeitas de rachadinha envolvendo os salários de assessores na Alerj, atualmente se dedica à defesa da ex-deputada federal Flordelis.
Dino reage: ‘absurdo’
Por sua conta no Twitter, o ministro da Justiça, Flávio Dino negou ter recebido Luciane em audiência e considerou que as alegações são fruto de “vil politicagem”.
Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho.
De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que NÃO SE REALIZOU em meu gabinete.
Sobre a audiência, em outro local, sem o meu…— Flávio Dino (@FlavioDino) November 13, 2023
O que diz o Ministério da Justiça
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou que não tem como prever quem acompanha audiências. Confira:
No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.
A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados.
A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.
Por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). A agenda na Senappen e da ANACRIM aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da ANACRIM.
Não houve qualquer outro andamento do tema.
Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidade de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota.
Todas as pessoas que entram no MJSP passam por cadastro na recepção e detector de metais.
Secretário se manifesta
Elias Vaz, secretário do Ministério da Justiça, também se declarou sobre o tema à pedido do portal ND+. Confira:
Informo que, no dia 14 de março, recebi solicitação de audiência por parte da Sra. Janira Rocha, ex-deputada estadual no Rio de Janeiro e vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da ANACRIM-RJ. Na reunião, que foi realizada no dia 16 de março, a Sra. Janira Rocha veio acompanhada das senhoras Ana Lúcia, mãe do jovem Lucas Vinícius, morto em 2022; Luana Lima, mãe de Lara Maria Nascimento, morta em 2022; e de Luciane Farias, do estado do Amazonas.
Durante a audiência, das mães Ana Lúcia e Luana Lima, escutei reinvindicações pedindo celeridade nas investigações sobre a morte dos filhos.
Na ocasião, recebi os documentos que seguem em anexo, nenhum tratando sobre casos ocorridos no estado do Amazonas. Quanto à Sra. Luciane, ela estava como acompanhante da advogada Janira Rocha, e se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário.
Por esta razão, foi sugerido à advogada Janira Rocha que elas procurassem a Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN).Tenho uma longa trajetória parlamentar e política, sempre com a marca da seriedade, e atendi a advogada Janira Rocha e acompanhantes por conhecer a citada profissional e ela desejar falar sobre vítimas de homicídios.
Repudio qualquer envolvimento abjeto e politiqueiro do meu nome com atividades criminosas.